quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Pequenos versos soltos I


Queria ser um simples raio de sol
Sol não sente, não ama, não doi
Raio de sol aquece, ilumina e se vai
Não precisa de mais nada

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Se pudesse desejar algo
Desejaria ser uma formiga
Sua minúscula forma me inveja
Seja pela simplicidade da vida
Ou pela facilidade da morte
Não importa
Pois continuo não a sendo

__
Ser humano às vezes é um peso
Nós carregamos a resposabilidade
De manter o planeta
Mas o estamos destruindo
É tudo culpa nossa

sábado, 19 de janeiro de 2013

Contos Inacabados I - Ano Novo


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...
 - Feliz Ano Novo – diziam as pessoas felizes na areia abarrotada.
Ela contemplava os fogos de artifício no céu, tentando esquecer as coisas ruins, se lembrando apenas das coisas boas. Pulou 7 ondas e se ajoelhou na areia molhada pelo mar, champanhe e cidra que eram derramados, e pediu, ou melhor, implorou pra quem quer que estivesse ouvindo-a, desejou com toda força de vontade que ainda lhe restava no coração de pedra que o ano que estava chegando fosse melhor, muito melhor que o ano anterior. Ela chorou, com todas as lágrimas que tinha, chorou até não haver mais água em seu corpo. Sentiu sede, se juntou a um grupo qualquer de pessoas felizes apenas para beber o vinho barato que estavam dividindo, era horrível, mas era álcool. Fez o mesmo com mais uns 3 grupos, depois parou de contar, ficou bêbada e cansada. Sentou em um canto qualquer perto de uma barraca fechada, encostou a cabeça e apagou.
  - Bom dia – disse um rapaz que colocava cadeiras, mesas e guarda-sóis na areia, agora vazia.
O sol estava forte e amarelo, sua pele queimava, olhou com desdém para o cobertor feio e rasgado que lhe cobria.
 - Estava bem frio de manhã – disse o rapaz percebendo o olhar dela em direção ao cobertor que parecia um pano de chão.
 - Obrigada – disse ela com a voz fria e rouca.
Sua cabeça doía da bebida da madrugada, seu corpo e pescoço doíam devido ao mau jeito que dormiu.
 - Que dia é hoje? – perguntou grossa e mal educada.
 - 1º de Janeiro – o rapaz se mantinha simpático e sorridente.
 Ela respirou com alívio, se lembrando de quando foi a uma festa, bebeu e acordou dois dias depois em outro país. Tentou se levantar.
 - Deixa que eu ajudo – o rapaz segurou sua mão e ombro, equilibrando-a a seu lado – Você está bem?
 - Estou – eles caminharam até a cadeira mais próxima e ela sentou. E pela primeira vez realmente olhou o rapaz que a ajudará. Ele era alto, moreno, forte, tinha olhos levemente puxados e um sorriso muito bonito. Não era de se jogar fora.
 - Meu nome é Miranda – disse ela estendendo a mão direita.
 - Felipe – ele segurou e beijou delicadamente as mãos sujas de areia e outras coisas que nem ela sabia.
Ela ficou lisonjeada e levemente desconcertada pela atitude do rapaz, ainda mais nesse país de pessoas sem bons modos, mas ela não é de se derreter pelo primeiro par de calças galanteador que encontra.
 - Você quer alguma coisa? – disse o rapaz galante
 - Um café cairia muito bem – respondeu colocando as mãos na cabeça como se isso fizesse a dor de cabeça da ressaca parar.
 - Ressaca? – perguntou Felipe levantando uma sobrancelha.
 - É, mas já tive piores.
 - Vou trazer seu café – disse e foi andando em direção a barraca.
 - Espere, eu não tenho dinheiro – disse Miranda desconfortável por não ter um trocado sequer.
 - Não se serve café na praia. É por conta da casa – riu e foi para a barraca.