quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O Susto

Uma mosca meteu-se no nariz de João, enquanto ele dormia. Foi inevitável acordar, pois a mosca lhe incomodava muito. Com um espirro ela foi embora.


Ele tentou voltar a dormir. Depois de muitas tentativas resolveu se levantar e beber um copo de leite.
Quando tocou a maçaneta e ia abrir a porta de seu quarto ouviu um barulho, então pensou: “Quem pode ser se moro sozinho?”
Abriu a porta com cautela, caminhou lentamente até a sala, apanhou o guarda-chuva e então viu um vulto. Ficou em posição de ataque, ouviu o barulho de uma panela caindo e foi até a cozinha, chegando lá viu que era apenas seu gato, que estava com fome. Ele o colocou na casinha no quintal, bebeu o leite e foi dormir.
Quando estava quase dormindo o telefone tocou, era mais de meia-noite. João atendeu ao telefone e uma voz de criança disse: “1dia”. Ele ficou aterrorizado, a televisão começou a chiar, ele tentou desligá-la, mas não conseguiu, ele tirou-a da tomada e mesmo assim ela chiava. Então, saiu de lá uma menina encharcada e matou-o.
*Bip, bip*
João assustou-se com o despertador.
“Foi apenas um pesadelo” pensou e voltou a dormir.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Um sábado não tão normal

O céu tão azul lá fora, e aquele mal-estar aqui dentro. Fora: quase novembro, a ventania de primavera levando para longe os últimos maus espíritos do inverno, cheiro de flores em jardins remotos, perfume das primeiras mangas maduras, morangos perdidos entre o monóxido de carbono dos automóveis entupindo as avenidas.
Dentro: a fila não andava, ar-condicionado estragado, senhoras gordas atropelando os outros pelos corredores estreitos sem pedir desculpas, seus carrinhos abarrotados, mortíferos feito tanques, criancinhas cibernéticas berrando pelos bonecos intergalácticos, caixas lentas, mal-educada, mal-encaradas. E o suor e a náusea e a aflição de todos os supermercados do mundo nas manhãs de sábado.
Um carro atravessou as portas de vidro, houve e pânico as mães tentavam alcançar os filhos que corriam, os mais espertinhos enchiam os carrinhos e fugiam para os carros.
Dois sujeitos altos, musculosos e de terno, saíram do carro com uma pistola na mão direita e na esquerda a identificação do FBI.
“Me acharam”, pensou Seph, enquanto puxava a mão de Sally, por entre as pessoas desesperadas e os cacos de vidro no chão. Os caras do FBI estavam a cerca de 50 metros deles. “Ainda bem que esse mercado é enorme”.
Seph e Sally correram para o estacionamento, em direção ao SUV vinho dela.
- Vamos para o aeroporto – disse Seph assumindo a direção.
- O que? – indagou Sally assustada.
- Precisamos fugir daqui, aqueles caras estão atrás de mim – Seph aumentou a velocidade do carro.
- Por que eles estão atrás de você? – perguntou Sally colocando o cinto de segurança desesperadamente.
- Bem, digamos que antes de te conhecer eu ‘trabalhava’ para eles e não cumpri minha última ‘tarefa’ – disse olhando pelo para-brisa, escolhendo com cuidado que palavras usar. Sally era a única coisa que ‘eles’, ainda não tinham tirado dele e ele iria fazer de tudo para que nunca o fizessem.
- Seph, aqueles caras não são do FBI, certo?
Ele respirou fundo.
- Não.
- Oh meu Deus, Seph. Você era um assassino!
Sally sempre teve uma imaginação fértil, era muito criativa, uma das coisas que Seph mais amava nela. Ele não disse nada, apenas acelerou mais. Depois de três sinais fechados e cinco curvas fechadas, chegaram ao aeroporto;
- Para onde você quer ir? Paris, Tóquio, Roma... – perguntou Seph se dirigindo ao guichê para comprar as passagens.
- Seph, eu não vou com você, eu estou com medo – Sally se afastou, mas Seph segurou sua mão.
- Sally, você é a pessoa mais importante pra mim e você sabe disso. Se você não for comigo eu vou me entregar a eles e provavelmente serei morto.
Os olhos de Sally se encheram de lágrimas.
- Seph, eu...
Os dois caras do ‘FBI’ entraram no aeroporto.
- Sally, você vem ou não?
- Eu sempre quis conhecer a França.
Sally sorriu, e os dois saíram correndo em direção ao carro.